Reconvexo - José Humberto dos Anjos


Ele Era um bom homem.
Amava as estações e admirava as flores.
Olhava para o fim e via o infinito
Ofertava flores, dava bombons.
Ouvia os outros, se recolhia sempre na dor.
Não incomodava nem seu Eu.

Ela era uma mulher comum.
Amava os homens e trocava-os como as árvores trocam folhas
Olhava uma pedra, via um abismo sem fim.
Dava aos homens, e deles se saciava por ela mesma.
Fala, falava, e mais palavras sempre lamentava.
Incomodava seu id valente.

E o desgraçado destino os uniu. Os predestinou!
E se conheceram e ele amou-a de forma singular
Laborava.
Amava.
Lutava.
Não desconfiava.

E os minutos se foram... a trama de Otelo se viu.
Ela se meteu nos caminhos de sempre.
E ele só de amor se cobriu.

Ela andou pelos bares
Conheceu os vizinhos.
Brincou com os amantes da rua
Se jogou nos homens da vila, se exibia ao brilho da lua.

E ele a amava.
E assim, a amou muito, amou-a sempre.
Pensava nela, pensava nela. Que pensamento triste ele pensava sempre.

E ele a amou.
Amou-a sempre e até o fim.
Até morrer sem causa, deitado na copa com o copo nas mãos e a carta na terra.

Pois a vida é tão justa com as pessoas erradas e tão injusta com as pessoas certas.