Strigiformes perdemos


Exausto. Não é noite nem dia.


Não é julho, ou dezembro.

É Setembro.



Meio perdido e reflexivo (meio),

Acabei decidindo que cansei de fazer a diferença, nisso que já é uma causa perdida

E só outros ‘eus’ não quiseram ouvir.



Estendam suas bandeiras,

Aposentem os seus gizes.

Desfaçam suas bolsas.



Guardem a beca honrosa,

Esqueçam Sausurre, Baudelaire e Noel Rosa.

Guardem tudo com carinho e saudade.



Perdemos.



Perdemos para crianças indefesas, de pais duros e indoutos,

Frutos de outra falência,

De outra bandeira estendida.



Perdemos quando nos vendemos ao governo,

Quando aceitamos nossas trinta moedas de ouro

Quando fizemos o que devia ser feito.



Perdemos para crianças, cheias de teorias, artimanhas e perguntas.





Perdemos quando nos bancos da Academia pensamos ser mudança

Mas nas mesas das escolas descobrimos ser tudo, menos uma nova esperança.



Fomos perdendo em cada diário preenchido,

Em cada nota rasurada

Em cada grito oculto, dirimido e manchado.



Fomos perdendo,

Mas lutando.

Como um Celta incansável, humano.



Lutamos de todas as formas, gizes, livros, tablets e internet,

Mas perdemos.



Me vejo vencido. De lápis na mão

Moral no chão

Autoestima (meio).



Lá no fundo um sem luz, mostra-se brilhante.

E cá

Dentro de mim, começa a brilhar uma nova esperança,

Para uma nova Guerra que travo todos os dias.



Cartografias de um sangue amor

Pelas minhas mãos correm os destinos desta vida vazia.
Correm por cada traço destas digitais incolores, todas as vidas de uma mesma alma.

Pulsa nessas veias incólumes, a presença de um ser sangue.
De um tempo vivente,
que passa silencioso
levando meus dias, pensamentos e lembranças.

Vem pulsando em mim, com ares de trino amor
uma presença biológica
de amor, ternura e paz.




Pulsa em mim, com tons de vermelho,
um sangue puro
sem aço, sem realeza
um sangue plebeu.

Com ares de dor.
Pulsa em mim.

José Humberto dos Anjos

10 de julho


Raia mais um dia, e recai sobre todos os primeiros pontos de luz deste pai chamado sol.
O que é para ser um novo dia de sonhos e construções, apenas repetirá as sombras de todos os outros dias passados.

A sociedade é má.
Não suporta que as pessoas se amem gratuitamente, sem interesses financeiros, ou sexuais. Tudo é uma conspiração.

A sociedade é má.
Pensam sobre a gente o que bem querem e não nos dão a oportunidade de defesa.
Nos privam o direito de desconstruir a imagem que petrificaram,e que agora julgam como verdade.

A sociedade é má.
Não compreendem a gratuidade do amor, da amizade.
Não compreendem a gratuidade, o sublime e o puro.

Duas mãos podem se tocar e não propagarem o desejo.
Dois olhos podem se cruzar e não enlaçarem em amor.
Duas pessoas podem viver na gratuidade.

Mas, a sociedade é má.
Vê o que deseja e dá mais palavras para as rodas de conversa.
Vê a maldade no sublime, e horror no belo.
Nos consolam, quando sequer precisamos de colo,
mas é bonito.
Bonito fazer maldade e consolar em seguida.

A sociedade é má na arte da palavra.
Não mata com armas, ou golpes
mata com a palavra.
Com as ditas e não ditas.
Pensadas ou imaginadas: nos matam com as palavras.

Mas, a gente é sempre um viandante na vida.
Não se pode desistir. É preciso caminhar.

É preciso buscar ser feliz, independente da palavra alheia.
É preciso se defender: no silêncio ou no grito é preciso se defender.

Mas, o sol ainda insiste em brilhar no meio destas nuvens cinzas. Ainda existem pessoas de coração lindo e sorriso menino.
Ainda temos pessoas boas nessa rede má.

É nestas que me apego. Que amo. Que busco.
No sorriso menino, no coração indecifrável na fé caminhante, na bondade viandante.

José Humberto dos Anjos.