10 de julho


Raia mais um dia, e recai sobre todos os primeiros pontos de luz deste pai chamado sol.
O que é para ser um novo dia de sonhos e construções, apenas repetirá as sombras de todos os outros dias passados.

A sociedade é má.
Não suporta que as pessoas se amem gratuitamente, sem interesses financeiros, ou sexuais. Tudo é uma conspiração.

A sociedade é má.
Pensam sobre a gente o que bem querem e não nos dão a oportunidade de defesa.
Nos privam o direito de desconstruir a imagem que petrificaram,e que agora julgam como verdade.

A sociedade é má.
Não compreendem a gratuidade do amor, da amizade.
Não compreendem a gratuidade, o sublime e o puro.

Duas mãos podem se tocar e não propagarem o desejo.
Dois olhos podem se cruzar e não enlaçarem em amor.
Duas pessoas podem viver na gratuidade.

Mas, a sociedade é má.
Vê o que deseja e dá mais palavras para as rodas de conversa.
Vê a maldade no sublime, e horror no belo.
Nos consolam, quando sequer precisamos de colo,
mas é bonito.
Bonito fazer maldade e consolar em seguida.

A sociedade é má na arte da palavra.
Não mata com armas, ou golpes
mata com a palavra.
Com as ditas e não ditas.
Pensadas ou imaginadas: nos matam com as palavras.

Mas, a gente é sempre um viandante na vida.
Não se pode desistir. É preciso caminhar.

É preciso buscar ser feliz, independente da palavra alheia.
É preciso se defender: no silêncio ou no grito é preciso se defender.

Mas, o sol ainda insiste em brilhar no meio destas nuvens cinzas. Ainda existem pessoas de coração lindo e sorriso menino.
Ainda temos pessoas boas nessa rede má.

É nestas que me apego. Que amo. Que busco.
No sorriso menino, no coração indecifrável na fé caminhante, na bondade viandante.

José Humberto dos Anjos.