CARTA 00/00/00



Lázaro,
Tem sido tão difícil pra mim.
Tem sido difícil lutar contra todas as mentiras que acabaram se tornando verdades.
Tem sido difícil sofrer a dureza de todas as derrotas e fingir que nenhuma delas me abalou. Que não sou humano e que a elegância de minha alma é sempre mais forte.
É difícil e tem sido muito duro assumir para mim mesmo que estou como Jorge Luis Borges, vivendo meus instantes reflexivos. Isso dói.
Quero sumir meu amigo. Só isso...
Juro que não estou frágil, mas realmente os últimos dias têm sido difíceis.
Descobri que tenho dedo podre. Que não tenho sorte e que além de tudo sou feio, repetitivo, enjoativo e muito formal.
Imagino que você já saiba isso. Mas, como é muito elegante, nunca ousou me dizer.
Minha torre de marfim ainda está intacta. Inabalável. Continua linda, mas não me cabe mais.
nãomecabemais
Não cabe mais minha angústia sofrida de não poder ser feliz.
A grande verdade Lázaro é que crio monstros e procuro meu próprio sofrimento. Sempre foi assim, lembra?
A desilusão da vida me mostrou isso tudo essa noite.
São 00:41. Estou aqui chorando. Não sei os motivos, aliás, sei, mas juro não contá-los a ninguém, nem mesmo a você, meu amigo que nunca me traiu.
Talvez você esteja pensando que estou ficando mais amargo ou que devo ter tido mais uma desilusão amorosa, mas juro Lázaro: não foi isso.
Tá péssimo aqui sozinho.
Tá péssimo ser sempre assim.
Tem sido tão difícil pra mim.
Dói!
E eu como sempre vou apenas dormir mais uma vez, deixar o sono esquecer as minhas dores e trabalhar para escravizar minha criatividade de pensar sobre tudo. Mecanicamente trabalhar.
Eu.
Só.
Quero.
Voar.
Me. Sopra. Para. Bem. Longe.

Nato

Em defesa gratuita de uma mulher valente


Não sou nenhum cientista político, muito menos personalidade famosa e reconhecida nos meios de telecomunicação do Brasil. Sou apenas um dos bilhões de brasileiros anônimos que nos últimos dias têm recebido uma chuva de e-mails e mensagens que denigrem a imagem da candidata do PT Dilma Rouseff. Acusações das mais diversas formas, vinda dos mais insólitos lugares e que na insensatez dos excessos consideram o brasileiro como um pequeno “jumentinho de presépio”.
São tantas acusações que não pude deixar que passassem em branco, ou mesmo que meu posicionamento enquanto anônimo e cidadão consciente que sou, não fosse divulgado em meu blog e nos outros meios de comunicação aos quais tenho acesso. Pois, nesse sentido, falar a verdade é uma necessidade de consciência coletiva e não de vontades pessoais.
O que vejo acontecer com Dilma, reflete a política marasmática que ainda insiste em reinar em nosso país. Política está que não se centra na defesa de propostas, mas no ataque pessoal, na derruição da personalidade e de seus valores.
O que Serra e seus orientadores têm feito? Exatamente isso que já disse anteriormente: derruir a imagem de Dilma, não considerando seus projetos e anseios, mas usando de sua trajetória e de um discurso turvo para tolher seu crescimento. Não se avalia e muito menos se confrontam os planos de melhora, mas se arquitetam situações de “guerra”.
A campanha, que tudo indicava ser eliminada no primeiro turno, se estendeu ao que chamo de segundo “round”. E não pensem que o que levou a isso foi o crescimento de Marina, o que proporcionou este momento foram os inúmeros ataques do tucano que colocaram em cheque a integridade e capacidade de Dilma em governar o Brasil.
Currículo??? Ele bate e rebate nessa tecla o tempo todo, oferecendo ao país toda sua experiência política, mas será que isso basta? Não! Se bastasse, Fernando Henrique, o sociólogo, teria sido o melhor presidente, com grande índice de aprovação entre a população, e êxito em seu governo o que não aconteceu.
Constantes situações tem feito com que Dilma seja atacada. O discurso de Dilma tem sido ameaçado não pelo que ela diz, mas pelo que outros afirmam terem ouvido ela dizer. A palavra é o maior poder que um homem possui, por isso, nenhum homem pode ser avaliado pelo que poderia ter dito, mas pelo que de fato disse. “Matar criancinhas” é absurdo de mais para ser dito e mesmo em face de um momento tão baixo em que se busca desesperadamente ganhar alguma porcentagem, usar tal artifício chega a ser idiota ao extremo para convencer alguém.
Vivemos em um país em que a opinião pública é muito valorizada, em que a liberdade de expressão é uma arma pública. Essa semana me senti totalmente incomodado ao ver um sacerdote, usar do altar, espaço santo e que a priori é para a exaltação de DEUS e de seu amor incondicional por todos, para denegrir a imagem do PT e de sua candidata Dilma. A liberdade de expressão existe para todos, mas os excessos cometidos e agressividade daquele homem, mas parece ter sido insanidade humana do que inspiração divina. Será que DEUS usaria tal discurso para referir-se a uma de suas filhas?
É injusta, suja e inadmissível a campanha de agressões que está acontecendo contra Dilma. É nojento ouvir em rede pública o candidato tucano usar da oratória do sentimentalismo para fortalecer uma luta que ele não tem tido peito político para ganhar.
E o pior de tudo é usar a imagem de DEUS, ícone que é para unir e propagar o amor entre os homens como elemento de ironia. Na campanha eleitoral na TV, após deferir vários momentos de agressão verbal à candidata Dilma Roussef, uma personagem encerra seu texto dizendo “fica com DEUS”, que triste, sórdido e agressivo a figura de DEUS.
Me orgulho muito de fazer parte de uma frente voluntária, sem fins políticos ou lucrativos que defende a integridade de Dilma, que acredita em seu potencial e que não usa de artifícios da religião para sensibilizar a maioria da sociedade. Me orgulho de poder ver na força dessa mulher a continuidade da mudança para o meu país. Quero fazer parte como protagonista e não como coadjuvante de um processo que entrará para os arautos da história do Brasil quer tucanos queiram ou não.