Eu só quero (com carinho dedicado ao amigo Joab)


A hora é agora e eu não posso mais brincar de existir. Tenho de gritar para o mundo: “Ei, eu estou aqui!”.
Vou falar do que sou, das dores que tenho, dos medos que passo e de todas os estigmas que essa amarga sociedade insiste colocar em mim.
Falar, porque a palavra é minha arma não secreta, minha mão, meus pés meu Eu todo.
Não há segredos complexos de mais dentro desse armário, a verdade é que sou todo de vontades e quereres simples que são abertos, límpidos e comuns. Quem vive no armário e quem não me vê, pois não estou dentro de nada, sou livre.
Porque eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente pelas ruas do meu país.
Quero amar sempre e cada dia mais, não quero ter estrela na testa, mas orgulho firme e honra de ser o que sou.
Não quero ser diferenciado. Não sou o que eles chamam de estereótipo, sou ser humano.
E as vezes como ser humano eu também erro, cometo deslizes que não me tornam um verme, mas configuram minha ligação com um DEUS que me deu a oportunidade de errar e ser imperfeito como qualquer outro desse mundo.
Posso ser rainha, moça virgem, prostituta ou homem sério se eu quiser. Posso ter mil vidas ou nenhuma delas sendo somente homem ou mulher.
O que eu quero é unir todas as cores, falar bem forte e quebrar muitos pudores. Porque além de tudo eu sou assexuado, não no sentido de não ter sexo, mas no direito de ser multifacetado.
O que eu quero? Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente pelo meu país. Fazer o que eu quero, respeitando quem quer que seja. Quero viver a vida simples, sendo humano e tendo dores.
Quero é unir todas as cores, sem pensar que um dia terei de simplesmente me esconder atrás de um leque, arco-íris de cores e chorar outra vez.
Lutar pelos que não lutam! - Assumir-me pelos que temem!

QUEM TEM O PODER É VOCÊ


Evocando o imortal Vinicius de Moraes “Me perdoem as feias, mas beleza é fundamental” é que me nego a aceitar que belo é só quem nasce com a beleza. Vinicius é simplesmente um dos maiores ícones da Literatura deste País, mas infelizmente não posso concordar com esta frase tão bela, mas que com o tempo perdeu quase sua totalidade de sentido.
Já faz muito tempo que as menos belas, pelo menos as mais espertas, já saíram da clausura e estão desfilando entre as poderosas, competindo de igual para igual, sem vergonha ou medo de assumir aquela correção no nariz, ou a redução nos lábios.
Com a evolução e crescimento do mercado da beleza, principalmente no Brasil, um dos países em que mais se vende produtos de moda e beleza, é impossível diferenciar a menos bela, daquela tão estonteante quanto à garota de Ipanema.
O mercado está cada vez mais atraente, oferecendo verdadeiros milagres para quem está querendo mudar da água para o vinho. Porém, antes de qualquer mudança drástica, uma pergunta torna-se fundamental: até que ponto vale pagar por beleza?
Caro leitor, não há escritor, médico ou mesmo psicólogo no mundo que possa lhe responder com tanta precisão quanto o seu eu interior. Só você tem o poder de escolher o que é melhor, ou que lhe agrada.
“Cada um sabe a dor e a beleza de ser o que é”, Caetano Veloso, ao nos presentear com esta frase, implicitamente dava a cada um de nós a liberdade para fazermos o que quiséssemos a partir da nossa “dor” interior. Se o seu corpo lhe causa uma “dor”, ou se o seu desejo lhe motiva a recorrer aos mecanismos da beleza, quem é que poderá limitar os seus desejos?
Ninguém! Você tem o poder da escolha, essa é a verdade.
Um silicone aqui, um butox ali. Hoje faço uma massagem a base de chocolates, amanhã tenho salão marcado e a escova inteligente é certa no fim de semana. Esta é uma realidade de muitas pessoas, que recorrem ao mercado da beleza não por futilidade, mas para se sentirem melhores consigo e com o mundo que as cercam.
Fernando Pessoas nos dizia que tudo vale a pena, desde que a alma não seja pequena. Cada um de nós, e somente nós é que sabemos até que ponto podemos e queremos ir. Os limites existem, são reais e temos de saber disso.
Ângela Bismack, uma das mais fanáticas e conhecidas do mundo da beleza, optou por se remodelar. Este era o seu desejo, sua forma de se sentir melhor. Os mais críticos, dizem que ela perdeu sua identidade, é uma mulher artificial, mas para Ângela, ela continua sendo ela mesma, só que mais feliz com seu corpo e de bem com sua vida.
Dos mais corajosos aos menos drásticos, é que se divide este mundo em que todos nós uma hora ou outra acabamos adentrando, seja pela porta da frente assumindo os retoques de um cirurgião plástico, ou pelos fundos com a discreta passagem em um salão de beleza.
Os pontos de vista são muitos, as necessidades são mais variadas ainda. Fato é que beleza é importante sim no mundo capitalista em que vivemos, mas como diria meu querido Léo Áquila “Seja sexy em algum momento, mas prefira ser bonito por dentro”, isso é o que importa para satisfazer não os outros, mas a si mesmo.
O mercado está aí, e nós podemos optar em desfrutar dele ou não, em fazer parte dele ou se manter alheio a tudo isso. Mas uma coisa é certa e clara; não há sensação melhor do que tomar um bom banho, escolher aquele look e ao sair de casa encontrar aquele alguém que você vê todos os dias, mas que naquele instante te olha diferente é não encontra palavra para lhe dizer a não ser “Uauuuuuuuuuu!".
José Humberto dos Anjos