Errar é humano! Amar errado não!


Escrever me assusta muito. O fato de as palavras que oferto aos meus leitores nem sempre serem compreendidas me deixa inquieto. A partir do momento que escrevo, deixo minha intenção primeira ser substituída pela compreensão de um outro, que pode, ou não ver o que eu vi. Isso me aterroriza!
Depois de tecer vários comentários sobre o amor, o que eu não gosto muito de fazer, mas sou quase que obrigado, fui indagado por um ilustre leitor que me pegou com “as calças na mão”, ao indagar-me sobre os posicionamentos em meus textos sobre a arte de amar.
Bem, vamos à pergunta de meu amado: “Gostaria de saber por que um ser tão belo e com tanta riqueza, nega amar, ou mesmo dizer que tem de tomar cuidado com este sentimento.”.
Meu amado, quando cito em meus poemas o cuidado e a forma como vejo o amor, não quero em momento algum dizer que este sentimento é uma coisa ruim. Não é não!
O que defendo e digo, é que a forma como as pessoas se amam hoje é erronia, camuflada e completamente de interesses financeiros e sexuais.
Quando digo que amam errado, estou falando no mais puro sentido da palavra “errar”. No mesmo sentido que se baseia a traição, a falta de compromisso e uma outra infinidade de predicados que podemos dar a alguém.
O amor não é, e talvez nunca seja um sentimento errado, assim como o ódio também não o é. Os errados na história toda são as pessoas, que mal sabem amar, e por isso são induzidas a fazerem coisas que não se relacionam nem neste e nem em outro mundo com a palavra amor.
Vejamos um exemplo. Há certo tempo, estava eu conversando com uma amiga, que angustiada me contava da traição de seu namorado. O fato parecia ter sido muito doloroso para ela que ficava mais chateada ainda uma vez que ele a havia traído com uma moça, digamos Cortesã, meio “Bovary”.
Ela me narrava entre soluços que havia sido traída moralmente, que jamais iria esquecer aquele episódio. E continuou com mais aquela infinidade de coisas que gente traída arruma na hora da tristeza.
Porém, o que mais me chamou a atenção foi o motivo da traição (sempre arrumamos motivos para trair). Os dois haviam começado o namoro há um ano e ela achava que ainda não era o momento de ter relações sexuais com ele. Parece que estavam até bem com isso. Era um amor só!
Ta, o fato aconteceu e os dois foram conversar sobre tudo. Em certa altura do campeonato, toda a traição foi esclarecida. Segundo ele a falta de sexo o levou a cometer o erro. Como se não bastasse, ele ainda ressaltou que aquilo não era uma traição, uma vez que foi só por sexo, só para satisfazer os desejos, não havia amor na coisa.
Ta vendo! Isso é amor?
É sim! Só a forma como os dois se amam que não é certa em momento algum.
Depois deste fato narrado, vejamos se consigo responder à sua sábia e instigante pergunta.
No primeiro momento você me pergunta por que “me nego a amar”. Caro leitor, não me nego ao amor, me nego veemente a forma como amamos no século em que vivemos. Isso sim!
Imagine se todos os pais amassem os filhos como o senhor Nardoni? Se todos os filhos amassem os seus pais como a dona Suzane Richthofen? Ou, se os namorados adotassem a filosofia “te como ou te traio”?
Isso não é amor, nem aqui nem na China. Prefiro ainda me fixar em Camões com o tal do fogo que arde e não vê, e que queima e não se sente. É bem melhor!
Na segunda parte você me questiona, por que digo que temos de tomar cuidado. Ok, não quero que pense que sou uma pessoa amarga, não a sou não viu!
Quando cito cuidado, quero mostrar aos meus leitores que precisamos diferenciar a ato de amar da possessão de estar amando. Ninguém é de ninguém, eu me pertenço e só isso.
As coisas estão como narrei, pois as pessoas não tem mais cuidado para o amar. Estão aí a torto e a direita como animais no cio, confundindo fazer sexo com amar.
Se todos tivessem cuidado, não estaríamos assim. Tem gente pensando que o amor é a coisa mais linda do mundo e se esquecendo que também as coisas mais belas oferecem perigo. Imagina por exemplo, as senhoras ilustres dentro da jaula dos tigres de bengala. Ta eles são mesmo belos, mas não é só por isso que vou ficar lá com eles. Assim é o amor.
Meu amado, o amor é um veneno que bem trabalhado nos laboratórios da vida humana, tornou-se um antídoto. Para isso muito gente serviu de cobaia, Adão e Eva que o diga. Mas, como todo remédio ele tem contra-indicações, possui efeitos colaterais e se ingerido em grande quantidade e sem o nosso cuidado pode antes nos matar a nos curar verdadeiramente.